quinta-feira, 9 de junho de 2011

Inventor neozelandês testa com sucesso o 'jetski dos céus'

CHRISTCHURCH, Nova Zelândia, 8 Jun 2011 (AFP) - Sair voando por aí com seu transporte individual preso às costas pode parecer coisa de ficção científica, mas o inventor neozelandês Glenn Martin quer ver seu "jetski dos céus" no mercado em 18 meses, após testar seu protótipo com sucesso.

Depois de 30 anos de um laborioso desenvolvimento, o 'jetpack' (mochila a jato, numa tradução livre) de Martin conseguiu elevar-se a 1.500 metros do chão e sobrevoar as colinas da ilha de Canterbury, sul da Nova Zelândia, um feito acompanhado com ansiedade por seu inventor, que viu tudo a bordo de um helicóptero que voava próximo.

O voo de 12 de maio, realizado por um 'jetpack' de controle remoto amarrado a um manequim, foi a pedra fundamental para a realização do sonho de Martin de construir a primeira mochila a jato do mundo.

"As primeiras pessoas a usá-lo em cidades serão o pessoal médico na realização de trabalhos de emergência", afirmou.

"Em seguida, vocês verão pessoas instalando neles câmeras para fazer boletins de trânsito e eventualmente acabará evoluindo para se tornar um meio de transporte para o trabalho ou um instrumento de lazer", acrescentou.

Inspirado em séries de televisão dos anos 1960 como "Thunderbirds em Ação" e "Perdidos no Espaço", Martin começou a criar, nos anos 1980, um 'jetpack' que servisse para o uso cotidiano de pessoas comuns, sem necessidade de treinamento especial de pilotagem.

"Eu queria um destes quando tinha cinco anos e fiquei desapontado ao perceber que não existiam e pensei, 'se não existe, você precisa criar'", disse à AFP, em sua oficina, na cidade industrial de Christchurch.

Ele explicou que até o fim do ano que vem, grandes clientes comerciais estarão utilizando sua máquina voadora, que ainda está em fase final de testes, e disse esperar lançá-la no mercado em 2012 ao custo de cerca de US$ 100 mil.

No ano passado, a revista Time mencionou a invenção de Martin como uma das mais aguardadas do mundo, mas ele é consciente de que a busca por uma versão que funcionasse foi marcada por fracassos.

O mais conhecido talvez tenha sido o 'Bell Rocket Belt', exibido no filme da série James Bond, "Thunderball", que só conseguia voar por 30 segundos e virou peça de museu do Smithsonian Institution, nos Estados Unidos.

O piloto suíço Yves Rossey também desenvolveu uma asa a jato amarrada às costas, mas usá-la exigia saltar de um avião em movimento.

O 'jetpack' - que a Time comparou a dois enormes sopradores de folhas colocados juntos - é muito maior que seus antecessores, e consiste de um par de cilindros que contém hélices de propulsão, preso a uma moldura de fibra de carbono.

O piloto apoia as costas na moldura, na qual se prende com tiras, e controla o equipamento usando dois 'joysticks'.

Movido por um motor V4 de dois litros, que gera cerca de 20 cavalos-força, o mecanismo foi explicado por Martin de forma bastante simples: "se você consegue lançar ar suficiente rápido o suficiente, então você sobe".

O estudo dos detalhes para transformar a ideia em uma máquina voadora segura e funcional levou décadas.

Depois de muitos protótipos, o modelo que Martin espera produzir em breve foi desenhado para se enquadrar nos padrões americanos de ultraleves, pois pesa menos de 115 quilos e carrega um tanque de combustível de 20 litros.

Teoricamente, estas características permitem percorrer uma distância de 50 km em 30 minutos, embora Martin tenha afirmado que já está trabalhando em novas versões com capacidades ampliadas.

Segundo ele, aprender a dominar sua máquina voadora leva menos de uma hora. Em caso de que algo saia errado, o equipamento é dotado de um paraquedas.

Martin explicou, ainda, que sua invenção é movida com petróleo comum. "Assim, você pode voar até o posto de gasolina mais próximo, abastecer, comer uma torta, beber uma Coca, e sair voando por aí", explicou.

Esta visão pode levar algum tempo para se tornar realidade, uma vez que a legislação americana atualmente proíbe que ultraleves sobrevoem áreas construídas, mas Martin disse que pode um dia ser corriqueira.

Voo do jetpack

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